quinta-feira, 29 de novembro de 2012


OS LUSÍADAS: LUIS VAZ DE CAMÕES



"Por mares nunca dantes navegados"


Poesia épica (ou epopeia): trata-se de uma narrativa escrita em verso, na qual se narram as proezas de grandes herois. As principais condições para o surgimento de uma epopéia são: haver um assunto grandioso, um heroi grandioso e um poeta grandioso. As duas mais antigas obras de literatura grega que chegaram até nós são as epopéias Ilíada e Odisséia.

Os Lusíadas”: publicado em 1572, sob a proteção de D. Sebastião, é considerado o maior poema épico português e renascentista. Composto por 10 cantos (o que chamamos de capítulo no romance), 1102 estrofes e 8816 versos, sendo estes dispostos, com relação à rima, em decassílabos heroicos.

O núcleo narrativo do poema é a viagem de Vasco da Gama às Índias. Porém, diferentemente das epopeias clássicas, o heroi não é Vasco da Gama, mas sim todo o povo português, a Nação portuguesa como “escolhida” para a valente empreitada de explorar os “mares nunca dantes navegados”. Sendo assim, podemos dizer que o heroi deixa de ser individual, como nas fontes herdadas dos clássicos, para ser coletivo, sendo Vasco da Gama apenas representante dessa coletividade. Essa característica já é anunciada logo no título: Os Lusíadas, ou seja, os lusitanos, os lusos portugueses. Dessa forma, a epopeia de Camões promove a exaltação do povo português, da história de Portugal, de seu império e, por fim, da língua portuguesa, que é enriquecida pelo autor.

Paralelamente à ação histórica do poema, há uma ação mitológica: a luta que travam os deuses do Olimpo em favor (Vênus e Marte) ou contra (Baco e Netuno) os portugueses.

Produto do Renascimento, Os Lusíadas incorporam o espírito antropocêntrico da época, oportuno ao sentimento heroico e conquistador. O típico bifrontismo do Renascimento português está presente na fusão dos ideais imperialistas e nacionalistas renascentistas com a ideologia medieval, presente na fala conservadora do Velho do Restelo, que dá voz a um espírito crítico em meio a tanto ufanismo e orgulho nacionalista, espírito este que se estende ao epílogo, que fecha o poema dizendo que o poeta fala a gente “surda e endurecida” e a uma pátria “metida no gosto da cobiça”.

O ideal cristão também se faz presente na medida em que os descobrimentos são vistos como expansão do mundo cristão, uma contraposição com a inspiração na mitologia pagã também presente no poema.

Na linguagem, o poeta funde a eloquência do tom épico diante dos grandes feitos e descobrimentos com um tom lírico, presente, entre outros, no canto dedicado à história de Inês de Castro. Nota-se também uma sintaxe complexa, cheia de inversões, uma característica típica do maneirismo, estilo precursor da estética barroca.


Estrutura do poema: assim como determina a tradição clássica, a epopeia de Camões é dividida em cinco partes: proposição, invocação, dedicatória, narração e epílogo.

- Proposição (canto I, estrofes 1 a 3): É a exposição do assunto do poema, ou seja, do que o poema falará. Nela o poeta se propõe a cantar os feitos heroicos dos soldados e navegadores portugueses, bem como a memória dos reis portugueses que expandiram as fronteiras lusas e a fé cristã.

I
As armas e os barões assinalados
Que, da ocidental praia lusitana,
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo reino, que tanto sublimaram.

II
E também as memórias gloriosas
Daqueles reis que foram dilatando
A Fé, o Império e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valorosas
Se vão da lei da Morte libertando:
Cantando espalharei por toda a parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e a arte.

- Invocação (canto I, estrofes 4 e 5): Nesse momento o poeta pede inspiração às musas. No caso da epopeia de Camões, as musas não serão nenhuma representante da tradição clássica. O poeta escolhe como fonte de inspiração as ninfas do rio Tejo (rio português), chamadas por ele de Tágides. Nesse sentido, podemos dizer que Camões nacionaliza suas musas.

IV
E vós, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mim um novo engenho ardente
Se sempre em verso humilde celebrado
Foi de mim vosso rio alegremente,
Dai-me agora um som alto, e sublimado,
Um estilo grandíloquo e corrente,
Por que de vossas águas Febo ordene,
Que não tenham inveja às de Hipocrene.


- Dedicatória (canto I, estrofes 6 a 18): Camões dedicou seu poema ao rei D. Sebastião, seu protetor e a quem se deve a publicação do livro. Nas estrofes dedicadas ao rei, o poeta faz menção à juventude de D. Sebastião, que, por não haver outro herdeiro legítimo do trono, assumiu o império com apenas quatorze anos. O poeta também se refere à extensão alcançada pelo Império português.

VII
Vós, tenro e novo ramo florescente
De uma árvore, de Cristo mais amada
Que nenhuma nascida no Ocidente,
Cesárea ou Cristianíssima chamada,
Vede-o no vosso escudo, que presente
Vos mostra a vitória já passada,
Na qual vos deu por armas e deixou
As que Ele para si na Cruz tomou;

VIII
Vós, poderoso rei, cujo alto império
O Sol, logo em nascendo, vê primeiro;
Vê-o também no meio do Hemisfério,
E quando desce, o deixa derradeiro;
Vós, que esperamos jugo e vitupério
Do torpe Ismaelita cavaleiro,
Do Turco Oriental e do Gêntio
Que ainda bebe o licor do santo Rio.

(...)

X
(...)
Ouvi: vereis o nome engrandecido
Daqueles de quem sois senhor supremo,
E julgareis qual é mais excelente,
Se ser do mundo Rei, se de tal gente.

- Narração:
A ação do poema começa quando os navegantes já estão no meio do Oceano Índico. Paralelamente, os deuses reúnem-se no Olimpo para decidirem o futuro dos ousados portugueses. A história se desenvolve então em dois eixos: o mitológico, marcado pela intervenção dos deuses, e o histórico, este subdividido em duas ações: a viagem de Vasco da Gama às Índias, que liga todas as outras ações, e a narrativa da história de Portugal, narrada por meio do discurso de Vasco da Gama, quando este a conta ao rei de Melinde, e por seu irmão, Paulo da Gama, quando explica a uma autoridade oriental o significado das figuras desenhadas nas bandeiras das naus.

Entre os deuses, os portugueses têm por inimigo Baco, deus do Oriente, que por temer perder sua glória arma ciladas contra os navegadores, mas estes são salvos graças à intervenção de Vênus e à coragem de Vasco da Gama.

O plano mitológico e o plano histórico, o mundo dos deuses e o mundo dos homens, foram mantidos por Camões separados ao longo do poema, até que essas duas esferas, divina e humana, encontram-se no episódio da “Ilha dos Amores” (cantos IX e X). Vitoriosos em sua missão, os nautas portugueses são recompensados pelas ninfas da ilha dos amores.

- Epílogo: Conclusão do poema, contém um fecho dramático e pessimista sobre o futuro da Nação portuguesa. O poeta lamenta a decadência de seu país e do povo português que, cego pela cobiça e pelas suas glórias, esqueceu-se dos valores nacionalistas. O eu-lírico desabafa melancolicamente que, apesar dos grandes feitos narrados, entristece-se que tenha cantado “a gente surda e endurecida”. Esse tom crítico e desencantado parece ser uma premonição da derrocada sofrida, pouco depois, por Portugal, que, derrotada na batalha de Alcácer-Quibir, foi submetida ao domínio espanhol. Nesse sentido, o epílogo de Os lusíadas contrapõe-se com o tom ufanista com que se desenvolveu toda a trama, mais uma característica que difere a obra da epopeia clássica. Também podemos dizer que no epílogo do poema de Camões há uma atitude subjetiva do poeta que desabafa sobre os seus próprios conflitos íntimos e da vida de privações que teve nos seus últimos dias de vida.


Não mais, Musa, não mais que a Lira tenho
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se acende o engenho
Não no dá a pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Duma austera, apagada e vil tristeza.

(Estrofe 145, canto 10)



Pesquisado no site: www.qieducacao.com/2010/08/camoes-epico-os-lusiadas-i.html
Por Paula Perin dos Santos
Considerado o maior representante da literatura renascentista de Portugal antes de Camões, Gil Vicente  só não é o primeiro dramaturgo português como também fundou uma tradição no teatro que inspirou diversas produções em Portugal, em outros países europeus e no Brasil. Ele viveu entre os anos de 1465 e 1537, não se sabe ao certo a data, segundo dois genealogistas do século XVI.
Ele também se destacou no cenário português por organizar os espetáculos palacianos, como festejos de casamento, nascimento, recepção de membros da realeza e comemoração de datas cristãs, como a Páscoa e o Natal.
Valendo-se do prestígio que adquiriu na corte foi que Gil Vicente pode satirizar, através das obras teatrais, os vícios do clero e da nobreza. É através dessas obras que o dramaturgo realiza uma síntese ibérica e original das tradições medievais do teatro, retomando os “milagres”, os “mistérios”, com consciência moral renovadora – própria do Renascimento cristão e erasmiano – que suas comédias se revelam na expressão satírica, de humor saboroso e popular, arma de direta eficácia. Ele recriou em suas farsas e autos pastoris os diferentes aspectos da vida de Portugal do século XVI, tanto da Lisboa onde emergia a revolução marítima e comercial, como o meio camponês com sua linguagem, folclore e costumes peculiares.
Dirigindo-se a uma platéia requintada, a corte dos reis D. Manuel e D. João III, onde imperava o orgulho das grandes descobertas e o sucesso das grandes navegações, Gil Vicente refina a substância popular de sua comicidade, incutindo-lhe um tanto do riso cosmopolita que anuncia os triunfos da nova era. São variadas as fontes de sua dramaturgia. Embora fosse mínima a experiência de Portugal em relação ao teatro, o dramaturgo não ignora as representações profanas de textos religiosos, que lhe servirão de base aos autos voltados para os temas da Religião e para as farsas episódicas.
Ao buscar inspiração em textos religiosos, Gil Vicente não pretende difundir a religião nem converter pecadores. Seu objetivo era mostrar como o homem – independente de classe social, sexo, raça ou religião – é egoísta, falso, orgulhoso, mentiroso e frágil quando se trata de satisfazer seus desejos da carne e do dinheiro.
O melhor das suas obras encontra-se em suas peças populares, que vão abrir caminho para sua obra-prima, a trilogia das sátiras que compõem o “Auto das Barcas”: “Auto da Barca do Inferno” (1516), “Auto da Barca do Purgatório” (1518) e “Auto da Barca do Paraíso” (1519). Destacam-se também “O velho da horta”, “Auto da Índia” e “Farsa de Inês Pereira”.
Em “Auto da Barca do Inferno”, a mais conhecida de suas peças, as cenas ocorrem à margem de um rio, onde estão ancoradas duas barcas: uma é dirigida por um anjo e leva as almas que, de acordo com seu julgamento, irão para o céu; a outra é dirigida pelo diabo, que conduzirá as almas para o inferno.
A peça apresenta uma verdadeira galeria de tipos sociais: um nobre, um frade, um sapateiro, uma alcoviteira, um judeu, um enforcado, entre outros, que vão compor um rico painel das fraquezas humanas. Para o céu, só vão um bobo e um cruzado. Todos os outros são condenados ao inferno.
As peças de Gil Vicente inspiraram várias outras produções, como algumas obras do Pe. Anchieta, voltada para a catequese dos índios no século XVI, “Morte e Vida Severina”, auto de Natal pernambucano, de João Cabral de Melo Neto e a peça mais popular e prestigiada de Ariano Suassuna, “Auto da Compadecida”, adaptada para a TV.
Fontes
CEREJA, William Roberto e MAGALHÃES, Thereza Cochar. Literatura Brasileira em diálogo com outras literaturas. 3 ed. São Paulo, Atual editora, 2005, p.84-5.
Nova Enciclopédia Barsa. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações, 1999. V. 20.


Local da pesquisa: www.infoescola.com/biografia/gil-vicente

































































quarta-feira, 28 de novembro de 2012


Os Dois Irmão: de Oswaldo França Júnior narra a história da vida de os dois irmãos, a história de um homem e seu irmão, os personagens principais não recebem nomes, a obra se inicia com um funeral, é o enterro do pai dos dois homens, o homem mais velho decide que a partir daquele dia ira tomar conta de seu irmão. A narrativa sempre esta por conta do homem que demora a entender a história de  vida seu irmão sempre queixando com sua esposa. O irmão sempre estava a procura de encontra pedras preciosas, mais  o homem não aceitava o trabalho de seu irmão sempre falava que era uma perda de tempo fazer isso, o irmão sempre deitava tarde e acordava cedo a procura de pedras de ouro, um vez o homem demorou a encontrar o seu irmão e estava cavando  o chão no trecho perto da serra estava seguindo um velho mais não achou nada. Em outro lugar cavou e encontrou pedras d'água e achou brilhante as pedras d'água  porem o irmão não quis e fez um ninho no barro e enterrou elas a água veio e levou-as. O homem sempre esta a procura de seu irmão para ele arrumar um emprego descente, para e cuidar da sua família  O tempo desta drama é rodeado de flashbacks ocasionais  que demostra um saber natural do irmão, um jeitinho de lidar com os problemas de ser amigos de todos. o livro começa com a morte do pai, vista desta vez com a lembrança do homem com uma curiosidade de lamentação

EL PARAGUAY
}  O Paraguai é limitado pela Bolívia a norte e noroeste, o Brasil a leste e nordeste, e a Argentina a sudeste, sul e oeste. Assunção está localizada na margem oriental do rio Paraguai, em frente à boca do seu afluente ocidental primário, o rio Pilcomayo.
}  IDIOMAS:  O guarani, língua falada pela maioria da população, e o espanhol são os idiomas oficiais, sendo que 95% da população é bilíngue. O dialeto falado no país é o espanhol rioplatense. Há também dezenas de milhares de falantes puramente indígenas de dialetos guaranis no Paraguai.  ECONOMIA:  A economia paraguaia baseia-se em produtos agropecuários e florestais, que representam 75% das exportações. Entre os recursos agrícolas destacam-se a cana-de-açúcar, o algodão, a soja e o tabaco. O país também produz cereais, milho, erva-mate e mandioca, base tradicional da alimentação dos habitantes. A pecuária é muito desenvolvida. Em ordem de importância, conta com a criação de bovinos, suínos e ovinos. As principais espécies de madeiras florestais de exportação são o quebracho, o mogno, a nogueira e o cedro. O Paraguai possui indústrias de erva-mate, cervejeira,alimentícia, de tabaco, de rum e álcool, de preparação de carnes e couros e ligada à exportação de tanino, óleo de soja, de parket e lâminas de madeiras.Em 2010, o Paraguai experimentou a maior expansão econômica da região e a mais alta da América Latina, com uma perspectiva histórica de crescimento do PIB de 9%, podendo chegar a 13% para o final do ano. Só no primeiro semestre de 2010, o país teve un crescimento econômico de 14%. O 49,9% do crescimento do PIB corresponde à agricultura; o 9,7% à indústria (incluindo a construção e as utilidades públicas); o 34% corresponde a serviços. EXPORTAÇÕES: As exportações paraguaias que se destinam, sobretudo ao Brasil, Países Baixos, Argentina, Suíça, Alemanha, Estados Unidos e Itália - apoiam-se nos produtos agrários e extrativos. As fibras de algodão, soja, carnes enlatadas, essência para perfumaria, café e óleo vegetal perfazem 89,5% do total. Os principais importados - principalmente do Brasil, Japão, Argentina, Estados Unidos, Alemanha e Argélia - são as máquinas e os equipamentos de transporte,combustíveis e lubrificantes, fumo e bebidas, de produtos químicos, farmacêuticos e de ferro.
}  TURISMO: Usina de Itaipu: A Usina Hidrelétrica de Itaipu forma parte da lista das sete maravilhas do mundo moderno.
}     Ruínas de Jesus:são reduções que ainda se conservam, de entre numerosos povos fundados por jesuítas no marco de sua área colonizadora na América do Sul no século XVII.
}  Pantão dos heróis:uma pequena versão de Les invalides em Paris, onde muitos dos heróis nacionais estão e                                                    A cultura do Paraguai tem diversos pontos importantes para ser destacado, mas é preciso falar também de suas raízes, ou seja, por quem o país foi influenciado quando começou a tomar suas bases culturais. A tradição guarani misturada com a hispânica com certeza foram importantíssimas para os primeiros passos da cultura que se tem hoje no Paraguai.
Cultura Paraguaia: O artesanato paraguaio é um dos pontos fortes do comercio local e também uma característica cultura muito importante para o país. O teatro, a literatura e o esporte também têm suas contribuições para uma cultura bastante diversificada, assim como a culinária local que acaba atraindo turistas.
Literatura Paraguaia:La literatura paraguaya en castellano tuvo su primera etapa de afirmación en las primeras décadas del siglo XX, época en que aparecieron los escritores Natalicio González, Manuel Domínguez, Manuel Gondra y Rafael Barret -este último de origen español-, que cultivaron preferentemente el ensayo, y los poetas y prosistas que se identificaron con el modernismo y militaron en las revistas Crónica y Juventud, como Manuel Ortiz Guerrero, Eloy Fariña Núñez y Guillermo Molinas Rolón.
A este grupo siguió la brillante generación del 40, muchos de cuyos integrantes se reunían en el cenáculo denominado Vy’a Raity. A esta promoción perteneció Josefina Plá, escritora y artista española llegada al país en 1926 que adoptó al Paraguay como su segunda patria y legó a este país una obra sin parangones que abarcó todos los géneros literarios, con más de 100 títulos.
Dois Irmãos de Milton Hatoum
Por Ana Lucia Santana

O livro Dois Irmãos, lançado em 2000, é marcado pela questão da identidade, que perpassa toda a cultura pós-moderna, especialmente a literatura, pois representa a busca do próprio ser humano, que se sente, hoje, como um nômade, um incessante exilado, onde quer que esteja. Este traço é ainda mais acentuado nesta obra, povoada por personagens que deixaram sua pátria para tentar no Brasil uma vida nova, e por seus descendentes, que ainda não se sentem à vontade no lugar que ocupam.
O fio que guia a construção desta identidade é a memória, praticamente a protagonista da produção literária de Milton Hatoum, pois é ela, bem como sua eventual ausência, que orientam esta narrativa. Dois Irmãos é a obra mais explorada e analisada deste autor, que aqui desenvolve os temas já presentes em Relato de um Certo Oriente, embora de uma forma menos rebuscada e mais singela, o que propicia ao leitor uma compreensão maior de sua temática.
O relato é conduzido por Nael, filho da serviçal de uma abastada família libanesa integrada pelos irmãos gêmeos Yaqub e Omar, de naturezas distintas, unidos por um ódio avassalador. A princípio, a história parece estar centrada na relação entre ambos, mas logo se percebe que ela é apenas um pretexto para que o narrador encontre a si mesmo, a partir da descoberta de sua real paternidade.
Sua mãe, Domingas, nutrira no passado uma intensa paixão por Yaqub, filho honesto e dedicado ao trabalho, mas fora estuprada violentamente por Omar, figura agressiva e contraditória, desprovida de qualquer traço de responsabilidade. Assim, torna-se um enigma para Nael saber quem é seu pai, se ele é fruto do amor ou da violência.
Tudo se passa em uma residência situada em um bairro próximo ao porto de Manaus. Aí o narrador presencia as tramas urdidas no seio de uma família importante, que envolvem afetos ardentes, revanche, relacionamentos perigosos. O leitor entra em contato com este universo através do ponto de vista de Nael, que tudo vê da ótica de sua própria classe social, que molda nitidamente sua vivência cultural.
É assim que o leitor é apresentado ao chefe da família, Halim, que se esforça para encontrar as respostas mais corretas diante dos impasses familiares; à matriarca Zana, que não oculta sua predileção por Omar; à irmã Rânia, que mantém uma ambígua relação com os irmãos; à singela e generosa Domingas, mãe de Nael.
O enredo tem início com o retorno de Yaqub, que na adolescência fora sacrificado pela família, afastado aos treze anos do convívio familiar para que o confronto entre ele e Omar fosse atenuado. Esta decisão marca definitivamente a vida deste personagem, preterido em prol do irmão. Apesar de tudo, porém, o rapaz progride profissionalmente e contrai matrimônio com Lívia, antigo amor dos dois irmãos, o que agrava o conflito entre ambos. Nael, por sua vez, impedido de estudar pelo esforço de sobrevivência, é marcado pela condição de bastardo e mantém a idéia fixa de desvendar sua paternidade.
Fontes:
http://resumos.netsaber.com.br/ver_resumo_c_919.html
http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=2331
http://guiadoestudante.abril.com.br/estude/literatura/materia_419529.shtml

segunda-feira, 20 de agosto de 2012


Ensaio sobre a timidez escolar

                                                                                            Por : Carlindo Rosa Pereira
 

 Este presente ensaio tem por finalidade discutir a questão da timidez no seu âmbito escolar, pois ela poda o aluno e não permite que ele desenvolva certas habilidades que ele tem, como a fala e a relação com outras pessoas. 
            A palavra timidez vem do latim timor (medo), que é o medo do que vão dizer de nós (cf. Antonio Roberto, Enfrentando a Timidez, jornal Estado de Minas). Mas como estamos falando no âmbito escolar, podemos citar várias situações onde a timidez se manifesta: apresentações de trabalhos, prova oral, e numa classe de língua estrangeira o medo de falar nesta língua.
            A timidez é uma característica pessoal de cada individuo e, segundo alguns estudiosos do assunto, ela é imutável e sem cura. Mas como fazer com uma pessoa tímida numa sala de língua estrangeira? A questão é como fazer e sim o que fazer. Um tímido tem por extinto se retrair numa sala de aula, sentando nas últimas cadeiras e conversando pouco ou quase nada. Isto dificulta a aprendizagem de um aluno tímido, pois língua estrangeira é também conversação. Mas existem níveis de timidez e é nestes níveis que podemos trabalhar.
Segundo Gabriel Cabral (equipe Brasil Escola, www.brasilescola.com/psicologia), existem 5 níveis de timidez: específica, crônica, fobia social, agorafobia e síndrome do pânico, sendo estas duas últimas mais sérias e necessitando de tratamento terapêutico. Com um breve relato sobre cada uma, poderemos entender melhor estes 5 níveis:
·         Timidez específica: ocorre quando o tímido se inibe em determinadas situações ou em proximidade de determinadas pessoas.
·         Timidez crônica: ocorre quando o tímido já não se aproxima de ninguém, não faz amigos e não fala com estranhos.
·         Fobia social: ocorre quando o tímido já nem consegue exercer suas atividades rotineiras por simples medo de se expor.
·         Agorafobia: ocorre quando o tímido já demonstra pavor em permanecer em locais abertos e em meio a muitas pessoas. Nesse período é necessário tratamento terapêutico.
·         Síndrome do pânico: ocorre quando o tímido apresenta ataques de pânico que podem ser provocados por ansiedade e vergonha. Nesse estágio, o tímido já associou uma série de elementos psicológicos que se aglomeram, nesse caso o individuo necessita de tratamento (cf. www.brasilescola.com/psicologia/timidez.htm).              
Conhecendo os 5 níveis de timidez, o professor poderá adotar o melhor método de abordagem do aluno tímido, levando em consideração o histórico familiar, a convivência com os amigos e a relação deste aluno consigo mesmo. Falando assim, até parece fácil, mas não è. Os professores, na sua maioria, não são formados em psicologia, portanto nem sempre é fácil identificar estes níveis. O professor deve sempre observar sua turma, tentando prestar atenção em cada traço mencionado acima e, identificando alguns deles, abordar o aluno de forma diferenciada, não como um anormal, mas sim alguém com uma determinada dificuldade que necessita de uma atenção maior que os outros alunos mais desinibidos.
            Mas, como fazer esta abordagem? Observando a individualidade de cada um, o professor consegue ver determinados traços como isolamento e negação do grupo, pois o tímido prefere fazer tudo sozinho, deveres, tarefas e mesmo o trabalho realizado em sala de grupo.
Uma pessoa tímida é vaidosa (cf. Antonio Roberto, Enfrentando a Timidez, jornal Estado de Minas) e não admite o erro, por isso ela se retrai em seu mundo, com medo das pessoas apontarem seus erros, pois para ela é inadmissível errar, ela não pode errar. O medo do “não sei” faz o tímido se retrair, numa inaceitação de si mesmo, da sua natureza humana. A baixa auto-estima também é um dos fatores da timidez. A cobrança excessiva, rígida e até mesmo militar de si mesmo, faz com que o tímido não se relacione com outras pessoas, transformando a escola numa verdadeira tortura psicológica, num lugar onde as pessoas só sabem apontar seus defeitos e misérias.
É neste mundo de caos que o professor deve intervir, transformando este lugar de tortura em um lugar prazeroso para o aluno tímido. Depois de observar e detectar esta dificuldade do aluno tímido, o professor poderá adotar técnicas de aprendizagem que fará com que o aluno fique mais seguro para poder se expressar diante da classe, e uma destas técnicas é o uso do lúdico nas aulas. O lúdico consiste em utilizar jogos e brincadeiras para ensinar uma matéria, no caso de língua estrangeira, ele é essencial, pois desinibe o tímido através de jogos, fazendo com que ele (aluno) se solte mais nas aulas e se torne mais participativo, sendo este método de ensino muito eficaz no combate à timidez. Mas é necessário que os professores se capacitem para o uso desta e de outras técnicas, tornando o aprendizado mais eficaz e prazeroso para o aluno tímido, inserindo-o mais no grupo escolar e fazendo com que ele se sinta mais e respeitado na classe de aula.
            O teatro também é uma forma muito eficaz no combate a timidez, pois ele envolve o aluno de tal maneira que o faz se soltar de forma quase imperceptível, fazendo com que ele
expresse seus sentimentos de forma natural, sem contar no aprendizado que vem implícito neste contexto.
No mais, concluímos através do estudo feito para a construção deste ensaio, que a timidez é um dos fatores que mais atrapalha o desenvolvimento escolar, mas ele pode ser vencido.
O professor é peça fundamental nesta vitória, por passar, na maioria das vezes, mais tempo com os alunos que os próprios pais, sendo para ele mais visível a percepção e identificação das formas de timidez. O uso de técnicas de abordagem, inserção e aprendizagem podem fazer a diferença na vida escolar do aluno, e até mesmo fora dela, no convívio com a família e amigos, tornando este aluno mais corajoso para encarar seus próprios medos e fraquezas, solucionar seus problemas e se tornar uma pessoa mais feliz, tanto na vida familiar quanto profissional.
O professor é um dos protagonistas desta  vitória, pois, ajudando o aluno a superar seus medos e fraquezas, ele será um dos mais beneficiados com isso, e assim poderá dizer: “dever cumprido”.             
                                                                                                                                             

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

 Julio Cortázar


Toco a sua boca com um dedo, toco o contorno da sua boca, vou desenhando essa boca como se estivesse saindo da minha mão, como se, pela primeira vez, a sua boca entreabrisse, e basta-me fechar os olhos para desfazer tudo e recomeçar. Faço nascer, de cada vez, a boca que desejo, a boca que minha mão escolheu e desenha no seu rosto, uma boca eleita entre todas, com soberana liberdade, eleita por mim para desenhá-la com minha mão em seu rosto, e que, por um acaso, que não procuro compreender, coincide exatamente com a sua boca, que sorri debaixo daquela que minha mão desenha em você. Você me olha, de perto me olha, cada vez mais de perto, e então brincamos de ciclope, olhamo-nos cada vez mais de perto e nossos olhos se tornam maiores, se aproximam uns dos outros, sobrepõe-se, e os ciclopes se olham, respirando confundidos, as bocas encontram-se e lutam debilmente, mordendo-se com os lábios, apoiando ligeiramente a língua nos dentes, brincando nas suas cavernas, onde um ar pesado vai e vem, com um perfume antigo e um grande silêncio. Então as minhas mãos procuram afogar-se no seu cabelo, acariciar lentamente a profundidade do seu cabelo, enquanto nos beijamos como se estivéssemos com a boca cheia de flores ou de peixes, de movimentos vivos, de fragrância obscura. E se nos mordemos, a dor é doce; e se nos afogamos num breve e terrível absorver simultâneo de fôlego, essa instantânea morte é bela. E já existe uma só saliva e um só sabor de fruta madura, e eu sinto você tremular contra mim, como uma lua na água.
Julio Cortázar